quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Que futuro há para os jornais impressos?


Por Nilson Lage em 22/2/2005
Jornais e magazines experimentam, há décadas, crises mal definidas, mal compreendidas e diante das quais o peso da tradição, o conservadorismo, a pressão das hipóteses tomadas como verdade (a teoria da cultura de massa, principalmente), a arrogância e o imediatismo dos homens de marketing e a crença dogmática no próprio discurso têm impedido respostas mais lúcidas.
A media [a palavra latina é plural; aqui, designa o conjunto dos meios de comunicação; da pronúncia inglês vem a grafia "mídia"] costuma ser concebida como entidade única – abordagem retórica, que não corresponde a qualquer realidade objetiva. Os veículos dirigem-se a frações diferenciadas da população [quando não, em horários ou segmentos diferentes] e operam com linguagens distintas; sociedades complexas não podem, em tempos normais, ser reduzidas à uniformidade da argila, que o oleiro molda com as mãos. [O conceito de "massa" data do Império Romano e é o pressuposto teórico de um modelo de dominação. Seu uso no século 20 decorre das teorias veiculadas, primeiro, por Scipio Sighele, e, logo depois, por Gustave Le Bom, na década de 1990. O comportamento "de massa" ocorre em situações específicas, como as de pânico.]
As linhas editoriais (temática e abordagem) são definidas por um mixing de viabilidade operacional, de presunção quanto ao que o seu público quer ou precisa saber, e de interesses definidos pelo Estado, por grupos de pressão, financiadores, anunciantes e a elite cultural.
Não existe, portanto, a entidade media. O que existe é um gênero de produto – a informação – cada vez mais importante no mundo contemporâneo, e um conjunto de tecnologias, a que correspondem linguagens distintas.

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