quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Entrevista com o Professor Dr. Elton Antunes

Relato de sua formação acadêmica.

Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (1988), mestrado em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995) e doutorado em Comunicação e Cultura Contemporânea na UFBA (2007). Atualmente é professor da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Teoria da Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: jornalismo, mobilização social, comunicação, meio ambiente e reportagem.

Perguntas:

1 - Em que patamar você caracteriza a crítica da mídia no Brasil, em comparação com outros países? Se é que existe qual a diferença entre os países de primeiro e terceiro mundo?

“Não me considero especialista, mas apenas um leitor de critica de mídia.” Pelo leitor que é estamos nos passos iniciais deste processo se comparado a França, Inglaterra e Estados Unidos que tem ferramentas especificas para a crítica. A Inglaterra, por exemplo, tem jornais específicos voltados a crítica de mídia. Nestes paises a presença do ombudsman já existe há mais tempo.

A critica de mídia no Brasil e muito menor que nos paises mais desenvolvidos, lá a critica é algo natural. No Brasil a critica gera polêmica, pois a uma inversão de papeis, damos mais valor a quem se critica e não damos o devido valor ao objeto da critica.

2 - Em sua opinião, o que é indispensável e o que não pode conter em um jornal escrito diário?

Tem que ter jornalismo. Falta a argumentação mais clara do porque se publica algo ali? A articulação entre as matérias, a coerência da página e o julgamento da matéria ali impressa.

3 - Qual a sua opinião sobre os jornais sensacionalistas em formato de tablóide? Você vê imparcialidade neles?

São jornais que exploram determinados nichos de mercado. O “sensacionalismo” está mais voltado para a matéria. Qualquer jornal pode ser sensacionalista ou publicar sensacionalismo em suas paginas.

Não podemos estigmatizar, pois por meio deles a população tem acesso as a publicações diárias. O é um tipo de jornal que não traz a imparcialidade, pois seus relatos não retratam todos os lados de um fato, mas o fato em si. Funciona pela premissa da adesão. Não se preocupa com os lados, mas sim com a notícia, pois o tipo de jornalismo que não tem como premissa central a imparcialidade.

“Eles não fazem o jornalismo, ou o jornalismo não precisa ser imparcial?”

4 - Nesta nova era para a qual caminhamos onde velocidade da informação é muito grande. Como você vê o papel do jornal impresso neste futuro?

“Não advogo a tese do fim do jornal, distinguindo o produto editorial jornal do material jornal.”
O produto editorial tal como o jornal é, deve permanecer. O formato de página este não deve ser perdido, pois é a característica mais marcante do jornal. Já o suporte (papel) este deve variar.

Em um futuro o jornal terá seu formato digital, não como o formato web. Na web a home-page na verdade não tem um formato de pagina propriamente dita, pois não pode passar as páginas e sim trocar de janela.

A digitalização é algo muito provável, mas deve-se tomar cuidado com o formato a ser utilizado. Tem jornais hoje em dia já digitalizados, o jornal gera a página em formato eletrônico (pdf) e o leitor imprime onde lhe convier.

Em algum momento o jornal pode até chegar a utilizar-se de saídas digitais (TV, radio) mas com a saída em outros meios que não estes.

5 - Você acredita que a internet pode em um futuro chegar a substituir o jornal impresso?

Não. Os meios de comunicação se reacomodam e ocupam campos com estratégias distintas, ele pode realocar e não substituir. A comunidade que define o futuro do meio.

Um exemplo disto é a tipografia. “Ela não há mais porque existir, mas para certos fins artesanais ela ainda existe e se justifica.”

6 - Qual a sua opinião sobre a qualidade da informação apresentada pelos principais jornais impressos mineiros? E se comparados a outros no Brasil?

A noção que qualidade é bem abrangente para a cobertura regional é pobre no formato nacional se comparado com o Globo ou Folha. O olhar que eles dão é muito pobre, pois não relata nem o nacional nem o regional de forma precisa. “Quem mora em Belo Horizonte não tem uma noção muito clara do que acontece no interior.”

7 – Algum outro comentário a cerca de crítica de mídia ou jornal impresso?

Segundo Jose Luis Braga a disseminação da crítica de mídia deveria seguir a noção do “sistema social de resposta”.

A crítica da mídia da forma que esta hoje parece ser algo de especialista e em locais específicos (Observatório de imprensa, por exemplo). Um exemplo disto é o caderno de TV, todos os jornais têm este caderno, nele não tem nenhum tipo de critica, só o resumo das novelas e relato da vida das celebridades.

“ A mídia da forma que existe não pode passar sem a critica da sociedade”.

O mundo visto pelos jornais

Os jornais tratam hoje da nova tentativa de acordo entre israelenses e palestinos, promovida pelo desacreditado presidente americano George W. Bush.

Apesar das declarações otimistas dos envolvidos, o noticiário não transpira animação.

Talvez o fato de o anfitrião não ser conhecido propriamente como um promotor da paz tenha alguma influência na visão da imprensa.

O melhor retrato do encontro foi feito pelo desenhista Cássio Loredano e publicado no Estado de S.Paulo. Mostra dois xifópagos, irmãos siameses, em posição de duelo.

Os jornais de hoje também noticiam a violência nas ruas de Sucre, na Bolívia, onde quatro pessoas morreram durante protestos contra a nova Constituição aprovada por iniciativa do presidente Evo Morales.

Está nos diários, da mesma forma, a morte de um homem durante manifestações contra a proposta de reforma constitucional do presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Também são notícia os choques entre policiais e moradores nos subúrbios de Paris, que começaram com a morte de dois adolescentes, atropelados por um carro da polícia.

Jovens filhos de imigrantes árabes e africanos voltaram às ruas, como em 2005. O protesto contra a polícia tem como pano de fundo a persistência do desemprego e das más condições de vida nos subúrbios pobres da capital francesa.

A semelhança entre os três acontecimentos é a insatisfação de parte da população com as políticas públicas de seus governantes.

Na América do Sul, protesta-se contra mudanças.

Na Europa, protesta-se pela falta de mudanças.

Os acontecimentos na Bolívia e na Venezuela são chamados de confrontos, protestos e manifestações.

Os acontecimentos nos bairros pobres de Paris são chamados de distúrbios.Detalhes como esses ajudam a entender como a imprensa diária molda a visão de mundo dos seus leitores.

(Consultado no Observatorio da Imprensa em 28/11/2007 no link: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs.asp?id_blog=8&id={8EF8B9D6-CE4D-4D49-B846-515DA38AF257})

O FUTEBOL FEMININO E SUA INSERÇÃO NA MÍDIA: A DIFERENÇA QUE FAZ UMA MEDALHA DE PRATA

O futebol é uma das modalidades esportivas mais praticadas em todo o mundo. Sua história, o envolvimento da mídia, a sua inserção em diferentes culturas, o interesse comercial e de marketing por trás das equipes e dos campeonatos e o alcance dos campeonatos locais e mundiais têm demonstrado isto ao longo dos anos. Entretanto há uma peculiaridade, também neste esporte, que é a forma de envolvimento das mulheres e o tratamento que os meios de comunicação dão à parti­cipação feminina. Atualmente as mulheres têm se mostrado presentes e, com grande interesse, se envolvido nesta modalidade, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Como exemplo, citamos o Instituto Internacional de Futebol ao realizar, em 2005, seu Congresso com o tema Mulher, futebol e Europa, reafirmando que “o futebol feminino tem se tornado uma área de estudos emergente e envolvente, em pro­porções globais, atraindo um número crescente de pesquisadores de di­versas áreas” (IFI, 2005, p. 2).
No Brasil, identificamos o crescimento da prática desta modali­dade entre as mulheres, bem como o seu aparecimento midiático mais evidente, particularmente após o inédito resultado nas olimpíadas de Atlanta, com o quarto lugar, e, mais recentemente, com o sucesso das atletas em Atenas, conseguindo a medalha de prata.
Seria ingênuo supor que a mídia trate as mulheres, em seu en­volvimento com o futebol, de forma similar ao tratamento dado aos homens. Aliás, a crítica à parcialidade nos meios de comunicação no que concerne ao gênero, parece sempre voltar à tona quando há algum estudo que envolva a mídia e o esporte, conforme afirmam Mourão e Morel (2005), pois o esporte, através da mídia, é predominantemen­te branco e masculino, segundo reiteram autores como Sterkenburg e Knoppers (2004), Coakley (2004) e Knoppers e Elling (2004). Esse fato não é peculiar da nossa cultura, pois não interessa qual país e evento são estudados, os resultados consisten­temente mostram que os esportes envolvendo mulheres são proporcio­nalmente mal representados na mídia esportiva e considerados como de menor emoção e de menor dignidade para notícias do que os esportes envolvendo homens. (STERKENBURG; KNOPPERS, 2004, p. 303).
Através da mídia parece haver então dois caminhos: o primeiro, sendo o do esporte masculinizado e o segundo, o do esporte feminino, com um tratamento de modelos de beleza e o objeto de desejo (PRIO­RE, 2000).
Assim, identificamos na história do esporte que a atividade es­portiva, enquanto símbolo de um imaginário de força, poder e músculo, se enquadraria como atividade masculina, portanto a mulher deveria ser poupada deste possível processo de masculinização, ou seja, não deveria estar presente da mesma forma que o homem no mundo esporti­vo. Em decorrência deste conceito, notamos a pequena participação das mulheres e também de um tratamento pela mídia que não é o mesmo dado aos homens.
O suor excessivo, o esforço físico, as emoções fortes, as competições, a rivalidade consentida, os músculos delineados, os gestos espetacu­larizados do corpo, a liberdade de movimentos, a leveza das roupas e a seminudez, práticas comuns ao universo da cultura física, quando relacionadas à mulher, despertavam suspeitas porque pareciam abran­dar certos limites que contornavam uma imagem ideal de ser feminina (GOELLNER, 2005, p. 92).
A captura da imagem feminina, pela mídia, não vai amenizar o problema da diferenciação, pelo contrário, o que encontramos é o re­forço do tratamento viril e de resultados ao esporte masculino e o des­prezo, atenção à beleza, associação ao papel de maternidade da mulher e preconceito ao esporte feminino. O papel social da mídia não é de pequena importância, por isto cabe também a nós a identificação e o questionamento de como o esporte está presente nos veículos de comu­nicação.
O reconhecimento dos limites e valores presentes na mídia mostra-se imprescindível para este tipo de estudo, pois a mídia forma, cons­trói e modela a sociedade através da produção e divulgação dos “fatos”. Além do que “é imprescindível insistir na idéia de que os meios de comunicação de massa transformam tudo em mercadoria” (BITEN­COURT, 2005, p.18) e o suposto produto “mulher & futebol” tem ca­racterísticas diferentes do produto “homem & futebol”. Aquelas são as belas, modelos de desejo, sensuais, suas imagens privilegiam exposi­ção e tratamento de evidência do corpo, tratando de uma mulher ideal ou então dos seres responsáveis pelos afazeres domésticos, destacando mais as curvas do que a hipertrofia, e o imaginário social ainda inclui a “bela, maternal e feminina: imagens afirmativas que permitem compre­ender que o corpo da mulher ao mesmo tempo que é seu não lhe perten­ce” (GOELLNER, 2003, p. 74). Já o segundo “produto” recai nas teias da mitologia do herói, do forte, da disputa, do vencer, da superação e a imagem do macho do mundo natural parece muitas vezes encarnar as páginas dos jornais ao tratar do homem que pratica o futebol, embora este também seja capturado pelos interesses comerciais.
Assim, embora a mídia seja um dos sujeitos sociais que contem­pla o futebol feminino no Brasil desde a década de 1930 (MOURÃO; MOREL, 2005), sua forma de apresentar esta modalidade tem sido freqüentemente adornada por adjetivos e intenções não encontrados no tratamento do futebol masculino e de forma a não garantir uma existên­cia autônoma, perene, evidente e isenta de juízo. Não caberia defender-mos um discurso apologético de igualdade, mas sim de dignidade.
Em todos os níveis de prática do futebol, podemos identificar o preconceito, a diferença, o descaso e suas conseqüências na forma­ção do imaginário social do papel da mulher, particularmente, quando o assunto é futebol feminino. Basta acompanhar os investimentos, a organização, as escolinhas ou o tratamento dado pela mídia para identificarmos a diferença. Até mesmo as questões da história do futebol feminino mostram-se tratadas com indiferença, pois enquanto a FIFA afirma que a primeira partida realizada entre mulheres foi na Inglaterra em 1880, a própria Federação Inglesa de Futebol afirma que o primeiro jogo feminino ocorreu em 1895. Isto parece reforçar a idéia de que a “historiografia machista não se limita a ignorar a mulher” (MORENO, 1999, p. 49), mas a trata com desprezo, tanto pelo que é apresentado como pelo que se omite, pois o que se diz, tanto por texto como por imagens é controverso, impreciso, falacioso e incompleto. Isto reforça a necessidade de estudos que identifiquem a situação da participação das mulheres nos esportes e que estes estudos tenham uma intervenção pedagógica ao recriar os valores nas novas gerações para que as pró­ximas não sejam capturadas por distorções oriundas do desprezo e do preconceito.

Quando focamos a história do futebol feminino no Brasil, iden­tificamos que esta modalidade sempre encontrou grandes dificuldades. Durante o Estado Novo (governo Vargas de 1937 a 1945), as leis cria­das, inclusive na área esportiva, estavam inseridas em um contexto de controle, com uma grande pressão para que as mulheres se afastassem do futebol. Elas deveriam limitar-se à prática de esportes que o gover­no considerava condizentes com suas funções de genitoras de prole. O Estado Novo criou o decreto 3.199 que proibia às mulheres a prática de esportes considerados incompatíveis com as condições femininas, sendo o futebol incluso entre outras modalidades esportivas como hal­terofilismo, beisebol e lutas de qualquer natureza. O Período Militar também inviabilizou a prática reconhecida do futebol pelas mulheres, sendo permitido apenas na década de 1980, pelo Conselho Nacional de Desporto.
Além das questões legais, as questões sociais também contribuí­am para a rejeição da prática deste esporte pelas mulheres, pois sempre houve certo preconceito em relação às praticantes. O preconceito social induziu a um preconceito esportivo, pois a mulher praticante de futebol era tida com masculinizada, grosseira e sem classe social.
Quais motivos estariam envolvidos neste fato social? Conside­rando o futebol uma paixão nacional, haveria espaço na mídia para esta modalidade quando praticado por mulheres? Estas questões despertam o interesse pela compreensão mais abrangente desta realidade que en­volve uma interessante relação entre gênero e esporte.
Estabelecemos, então, como parte deste estudo, a análise da quantidade de espaço reservado ao futebol feminino na mídia impressa, em dois dos jornais de maior circulação nacional.
METODOLOGIA
Através da Pesquisa Analítica Descritiva (THOMAS; NELSON, 2002), foi analisado o conteúdo da mídia impressa de dois jornais de cir­culação nacional sobre a inserção do futebol feminino, quer seja de forma escrita ou por fotografias e imagens. Através desta análise, veri­ficamos a freqüência e a relevância das inserções, além da mensuração das aparições e da relação entre estas e outras aparições de assuntos correlatos. Assim buscamos a correspondente análise das mensagens.
Os jornais escolhidos para análise foram Folha de São Paulo (FOLHA) e O Estado de São Paulo (ESTADO), por serem, reconheci­damente, jornais de grande tiragem e de alcance em todo o país. Como estes jornais têm repercussão em todo o território nacional, esperamos destes veículos de comunicação um tratamento dos assuntos esportivos que tanto atinja o interesse, como também forme a opinião das pessoas.
Analisamos nestes veículos de comunicação a aparição do fu­tebol feminino por três meses, observando, na quantidade de matérias referentes a esta modalidade, tanto aspectos positivos quanto negativos. Utilizamos para esta análise os meses de maio, junho e agosto de 2004, porque os dois primeiros antecederam os Jogos Olímpicos da Grécia e o último mês analisado foi o período de realização dos jogos, o que deveria apontar para uma provável diferença no tratamento dado pela mídia nestes dois períodos, embora muito próximos cronologicamente.

DISCUTINDO OS RESULTADOS
Durante o mês de maio, o jornal Estado não apresentou nenhuma matéria por imagem ou texto relativo ao futebol feminino e a Folha incluiu duas aparições, em dias diferentes, sendo uma fotografia de jo­gadoras norte-americanas com duas linhas de texto e uma coluna com o título “O tedioso futebol feminino”. O adjetivo adicionado ao termo futebol feminino já revela a tendência de tratamento dada à modalida­de. Entretanto é o silêncio o que mais chama a atenção, pois mesmo num período que antecede os Jogos Olímpicos, pouco ou quase nada se vê sobre o futebol jogado por mulheres em oposição ao tratamento dado ao futebol praticado pelos homens. Durante esse mês, a única coluna dada ao futebol feminino, inicia-se com uma questão, no mínimo, tendenciosa: “existe alguém que, sem ser amigo, namorado ou parente das jogadoras da seleção feminina de futebol, roa as unhas na ansiedade da espera pela olimpíada?” Tal coluna ainda confirma a idéia de que ninguém teria a mesma ansiedade para ver, assistir e ler notícias sobre o futebol feminino, como teria em ver o futebol masculino. A forma de tratamento usada parece revelar a condição da modalidade dentro do cenário nacional.
O mês de junho não apresenta variação significativa na apresen­tação das mulheres do futebol e o silêncio continua falando alto. Duran­te o segundo mês de análise apenas uma fotografia e uma nota, em dias diferentes, são registradas na Folha e apenas uma coluna é registrada no Estado. Em todas elas há registro fazendo referência à equipe que vi-ria participar dos Jogos Olímpicos. Em nenhum momento há destaque para alguma outra matéria sobre as mulheres e o futebol, como se elas apenas existissem na prática do futebol para os Jogos Olímpicos; parece não haver campeonato, contusões, clubes, transferências, nem mesmo questões pessoais, como é possível observar na mídia quando o foco é o futebol masculino.

O mês de agosto parece brindar as mulheres do futebol com uma avalanche de imagens e matérias conforme transcorre o mês e a sele­ção feminina avança na competição da Grécia. Entretanto uma análise mais atenta revela a real condição do futebol feminino no Brasil, pois o tratamento dado parece estar mais atento ao corpo da mulher, pois este ainda está “colocado a serviço das normas da vida cultural e habituado às mesmas” (BORDO, 1997, p. 20) e não é a mídia que estará alterando esta estrutura e hábito de como tratar as mulheres, particularmente no esporte.
Durante o último mês de análise, há a surpreendente quantidade de vinte e nove inserções no Estado e trinta e quatro na Folha, tratando de alguma forma o futebol feminino. A quantidade de matérias começa a crescer devido ao bom desempenho que a equipe de futebol feminino alcançou na Grécia, vencendo vários jogos e chegando às fi nais. No entanto, há algumas considerações a serem ponderadas antes de uma equivocada comemoração sobre tais aparições.
Em todas as inclusões de imagens ou textos analisados sempre há referência direta ou indireta à competição em andamento, o que já nos faz supor que encerrada a competição, encerra-se também a aten­ção dada às mulheres neste esporte. As matérias e as fotografias não superam o mero acompanhamento da seleção feminina e praticamente silenciam sobre questões ligadas a contratações, transferências e outras abordagens que poderíamos esperar caso estivesse em evidência a equi­pe masculina. Contudo há repetidas notas ou comentários tratando-as como belas e frágeis, até mesmo pela forma como se encerra a disputa entre o patrocinador da CBF e do COB, pois conforme a própria mídia apresenta, “não haveria grande impacto com a presença delas no pódio” e, portanto, o patrocinador da CBF libera as meninas para usarem o nome do patrocinador do COB (FOLHA , 2004b, p. 28).
Além do tratamento à competição e à condição de mulher, os veí­culos de comunicação estudados ainda apresentam, nesse último mês, dois comentários sobre possíveis transações para times europeus e mais cinco textos e manchetes que querem alertar para a real situação desta modalidade: “Com recorde olímpico de gols, esquecidas lutam agora pelo primeiro pódio”, “CBF sugere liga e Blatter promete inchar a com­petição”, “CBF quer subsidiar equipe feminina”, “Seleção deixará de existir no momento do desembarque”, “Conquista é só delas” e “Alunas enfrentam mestras, trauma e desemprego na decisão pelo ouro”. Estas poucas inserções reforçam a situação do futebol feminino, pois não há apoio institucional, não há competições minimamente organizadas, não há incentivo, não há presença na mídia. Como esperar que a população aceite, aprecie e valorize o futebol praticado pelas mulheres se a mídia dá um tratamento de pura exclusão e preconceito? Como esperar que mulheres e homens tenham tratamento equivalente na mídia esportiva? Como esperar que meninas e meninos tenham as mesmas oportunida­des? Como esperar que novas gerações surjam sem pagarem o preço da exclusão, do preconceito e do tratamento diferenciado?
A questão do futebol feminino não deveria ser a comparação com os homens, pois a busca de igualdade não deveria ser medida pelo es­paço reservado, pela mídia, a cada um, ou pelas conquistas de cada um, mas que ambos tivessem oportunidades e tratamento acompanhados de dignidade, encerrando uma disputa dualista.
Fica evidente pelas matérias analisadas que, além do preconceito que as mulheres enfrentam, particularmente num país que ainda acha que futebol é coisa de homem, elas têm de superar a falta de estrutura e de apoio (cabe lembrar que o futebol feminino foi a única modalidade brasileira na Grécia que não recebeu verba de incentivo fiscal), e ainda de receberem um tratamento dado pela mídia que as mantêm distante do público e, repetidamente, comparadas aos homens ou lembradas pe­los atributos de beleza ao invés das questões do esporte em si.
Ao compararmos os meses pesquisados, constatamos que nos meses de maio e junho, em ambos os jornais, as notícias tinham uma tendência negativa e pouco se falou, pois nos dois jornais as notícias publicadas nos dois meses totalizaram apenas cinco aparições. Já no mês de agosto a quantidade de matérias foi bem maior quando compa­radas ao que foi publicado em maio e junho. Em agosto houve um total de sessenta e três inserções, entretanto, tratando quase que exclusiva­mente do campeonato em andamento.
A medalha de prata, conquistada pela equipe feminina na Grécia, deveria trazer consigo um simbolismo para os profissionais do esporte: superação. A equipe brasileira superou os limites, chegou à final com o melhor ataque e a melhor defesa da competição, sofrendo gols somente dos EUA. A medalha de prata simboliza uma vitória. Vitória não no sentido de ganhar um jogo, mas na construção de um ideal de tratamen­to mais justo, no qual o discurso sobre o corpo feminino não seja cap­turado pelo tendencioso controle social, isolando o corpo feminino de um adequado tratamento. Nas palavras de Bordo (1997, p. 21), “Neces­sitamos desesperadamente de um discurso político eficaz sobre o corpo feminino, um discurso adequado a uma análise dos caminhos insidiosos e muitas vezes paradoxais do moderno controle social”. Também reite­ramos a idéia de Goellner que diz o seguinte:
Assim, se o esporte se traduz como um importante elemento para a promoção de uma maior visibilidade das mulheres no espaço público e se, ao longo da história do esporte nacional, houve a projeção de vários talentos esportivos femininos, vale registrar que essas conquistas resul­tam muito mais do esforço individual e de pequenos grupos de mulhe­res (e também de homens) do que de uma efetiva política nacional de inclusão das mulheres no âmbito do esporte e das atividades de lazer (GOELLNER, 2005, p. 97).
O efeito da medalha de prata, muito mais que a comemoração de uma conquista inédita, deve ser o ideal de sensibilizar os mecanismos de informação, de produção de conhecimento, de educação para que se construa um discurso adequado e para que se sensibilize a população sobre a verdadeira vitória que ainda precisa ser conquistada, não pelas mulheres, mas em relação a elas. A falaciosa argumentação de ser trata­da como os homens já não é suficiente, pois estes também são tratados de acordo com interesses, por vezes ocultos, que não atendem ao dis­curso adequado que se faz necessário em nossa cultura.
Em um país que valoriza prioritariamente os vencedores, será suficiente uma medalha olímpica carregada de emoção, de desprezo, de descaso e de muito esforço para que se crie um discurso digno sobre a participação das mulheres no futebol? E por que não estender este ideal à existência de campeonatos, à presença da mídia e de um discurso adequado a respeito da participação delas?
Depois dos jogos na Grécia, o presidente da CBF e o da Fede­ração Paulista de Futebol prometeram buscar patrocínios para a rea­lização das competições nacional e paulista em 2005, entretanto não houve alteração significativa no cenário esportivo nem no midiático. O momento, logo após os Jogos Olímpicos, era propício para promessas, além de ser uma maneira de atender a uma necessidade do esporte na­cional, era também uma forma de estar em evidência com um discurso, senão adequado, pelo menos conveniente.
A comparação dos dois primeiros meses de análise com o últi­mo revela uma tendência, ainda que discreta, mas constante em sair de aspectos negativos, evidenciados pelo inicial silêncio e adjetivos, tais como “tedioso”, “qualidade pífia”, “o futebol não parece ter nascido para elas”, para aspectos positivos, com o próprio crescimento da or­dem de mais de 2.000% na quantidade de publicações como também nas expressões positivas ao tratar do avanço da equipe durante a com­petição: “evolução”, “menos vazada”, “primeiro pódio”, “pequenas grandes mulheres”. Entretanto, mesmo durante o mês de agosto, quan­do o Brasil conseguiu a medalha de prata, ainda encontramos repetidas referências negativas ao tratar das mulheres do futebol, como “sexo frágil”, “esquecidas”, “trauma”, “desempregadas”, “decepção”, “time que deixará de existir”.
A própria mídia ainda levanta a questão de que o gosto popular pode ser criado pela mídia, mas como seria possível termos uma popula­ção ávida por futebol feminino se não há divulgação desta modalidade?

CONCLUSÃO
Através dos dados obtidos nesta pesquisa, identificamos, ainda nos dias de hoje, a real necessidade da reconstrução do papel da mulher na sociedade, através de sua inserção no cenário esportivo e da forma como a mídia aborda a questão. Faz-se necessário a construção de uma nova imagem em substituição à imagem de Apolo (WILSHIRE, 1997), onde a superioridade vinculada ao masculino, como fonte de força e de conhecimento, venha dar lugar ao equilíbrio entre o masculino e o feminino. Já não é suficiente a visão idealista e limitada de igualdade ao masculino, pois aqui também persiste um conjunto de forças atuando de forma a excluir o ser humano, tratando-o muitas vezes como produto a ser comercializado e ficando sujeito e submisso a interesses externos.
A forma de apresentação, através da mídia, da mulher que pratica
o futebol tende a criar uma falsa identidade do que deveria ser o papel da mulher na sociedade, permitindo uma reprodução do ideal de beleza, de sujeição e de procriação. Embora identifiquemos uma tendência de valorização do futebol feminino, esta tendência mostrou-se de caráter transitório, sazonal e efêmero, atendendo apenas a uma demanda de­corrente dos Jogos Olímpicos e da conquista que a equipe brasileira al­cançou. Evidenciamos, entretanto, a necessidade da mudança dos fun­damentos do discurso sobre a mulher, particularmente da mulher que pratica futebol, em que o preconceito seja objeto de estudo histórico do passado e a tendência de valorizar o esporte praticado por homens seja substituída pelo devido tratamento a quem quer que pratique o esporte.
Ainda persiste a esperança de que a medalha de prata e a grande quantidade de matérias sobre futebol feminino durante o mês de agosto não tenham sido em vão, mas que seja um momento para refl exão e que os instrumentos pedagógicos utilizem estas informações para criar resistência aos movimentos de captura sobre a mulher e o futebol e, por que não dizer, sobre a mulher e o esporte e ainda sobre a mulher e a sociedade.
Embora o futebol seja considerado uma paixão nacional, parece não assumir este papel social quando a questão é o futebol feminino. Este trabalho reforça a necessidade de se redirecionar o status social dessa questão na sociedade brasileira, despertando de seu estado de dormência, pela forma como tem sido tratado o futebol feminino pela mídia, não apenas pelo que se diz mas também pelo silêncio sobre ele.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Órfão de candidato

O assunto nesse espaço é jornalismo impresso diário, então devo dizer que o que me motivou a tecer os comentários que se seguem foi um texto publicado no jornal Estado de Minas dos diários associados, que levantou a possibilidade de um terceiro mandato do presidente Lula. Aí pensei num eleitor comum e decidi narrar a sua história.
Aos 16 anos votou pela primeira vez para presidente da república, foi às ruas, comícios, passeatas, panfletagem, bandeiras em punho, chuva, suor e lágrimas. Gritou e lutou como devia lutar um jovem naquela idade. Um país que acabara de sair da ditadura militar, que havia muitos anos não sabia o que era eleger o seu principal mandatário, estava preste a escolher seu novo presidente. No primeiro turno vários candidatos, representando cada um sua parcela da sociedade, alguns são inesquecíveis como o Marronzinho e o candidato de uma frase só: “meu nome é Enéas”. No segundo turno, que foi uma novidade criada pela constituição promulgada um ano antes, a eleição polarizou-se entre o candidato preferido da grande mídia dominante, o caçador de marajás das Alagoas, o candidato atleta, o galã que poderia estar na novela das oito, representante de algo que não tirava os pés do domínio elitista de quase 500 anos de república. Do outro lado da disputa o retirante nordestino, que veio para o sul maravilha no caminhão pau-de-arara , que passou fome, que não tem diploma , que tem Silva no nome, o torneiro mecânico que perdeu o dedo sendo explorado pela grande máquina capitalista, o sindicalista, o deputado constituinte que defendeu todas as conquistas sociais dos trabalhadores na constituição de 1988,.
Era hora de ir para as ruas, de distribuir santinhos, de ganhar cada dia mais um voto: do parente, do vizinho, do amigo, do colega de sala de aula. Naquele ano o rapaz estava no curso secundário, engajado no movimento estudantil, tinha o dever de criar a discussão política entre os outros estudantes, mas sem demonstrar a sua preferência, não era petista nem comunista, era Lula e pronto.
Chegou o dia do pleito, santinhos na mão na porta de escolas onde estava ocorrendo a votação, aí chega a polícia toma os panfletos e o manda para casa, pois é proibido fazer boca-de-urna, que nada, pega mais santinhos e vai para outra escola, de repente os mesmos policiais aí não tem jeito, foi encaminhado para o distrito policial, em nenhum momento teve medo de ser preso, foi só aí que se lembrou que ainda não tinha votado, e se não pudesse votar tudo teria sido em vão. Jurou aos policiais que iria tomar o rumo de casa, e foi o que ele fez, pegou seu título e seguiu para sua seção eleitoral.
Na porta da sua seção eleitoral, mais confusão, polícia, militantes, fiscais... mas ele não queria mais tumulto, viu que o povo brasileiro estava ávido pela democracia, mas totalmente desabituado a votar, a decidir seu próprio futuro.
Na fila ia chorando e cantarolando ; “meu primeiro voto, Lula lá...”. Mais tarde chorou a primeira derrota, Lula perdeu a eleição, mas a democracia venceu. A maioria dos brasileiros decidiu que ainda não estávamos prontos para um governo dos trabalhadores.
Foi eleito presidente: Fernando Collor de Melo.
1989
Primeiro turno
1º - Fernando Collor de Mello - 20.607.936 votos (30,57%)
2º - Luiz Inácio Lula da Silva - 11.619.816 votos (17,18%)
Segundo turno
1º - Fernando Collor de Mello ) 35.089.998 votos (53,04%)
2º - Luiz Inácio Lula da Silva 31.076.364 votos (46,96%)

O presidente Collor alguns anos depois seria afastado do cargo, porque um monte de gente decidiu que deveria ser assim. Um movimento que ficou conhecido como: “Os cara pintadas”, mas uma vez a mídia rotulou e todos foram acompanhando, sem saber quem criou e por que? Só sei que no dia da votação o rapaz estava lá, cara pintada de verde e amarelo, no meio da praça sete apinhada de gente, acompanhando num telão o voto de cada deputado, pelo sim e pelo não ao impeachment. Era como no futebol, se seu time perde uma partida, a revanche é muito mais saborosa.
Aquilo era um misto de copa do mundo, carnaval e circo, tudo junto e misturado sem ninguém saber direito qual time estava ganhando, qual escola de samba estava desfilando, ou quem eram o palhaços.
Em 1993 outra eleição , mais uma vez votou Lula, , mais uma derrota agora no primeiro turno, desta vez para FHC e o Plano Real.
1994
1º - Fernando Henrique Cardoso (eleito) 34.364.961 votos (54,27%)
2º - Luiz Inácio Lula da Silva 17.122.127 votos (27,04%)
Em 1998 outra eleição, outra derrota ainda no primeiro turno, de novo para FHC o Real estava dando certo.
1998
1º - Fernando Henrique Cardoso (eleito) 35.936.540 votos (53,06%)
2º - Luiz Inácio Lula da Silva 21.475.218 votos (31,71%)
Em 2002 a grande vitória, um voto no primeiro turno outro no segundo turno, contra José Serra, vencer a eleição e ainda por cima contra os tucanos, era bom demais.
2002 Primeiro turno
1º - Luiz Inàcio Lula da Silva 39.455.233 votos (46,47%)
2º - José Serra 19.705.445 votos (23,19%)
Segundo turno
1º - Luiz Inácio Lula da Silva 52.772.475 votos (61,28%) )
2º - José Serra 33.356.860 votos (38,72%)

A posse foi mais um dia de choro, não de derrota como antes, e sim de alegria e emoção. Ouvir o companheiro Lula sendo chamado “Presidente Lula da Silva”, soou estranho mas era demais para o coração do garoto que aguardou tantos anos para soltar o grito de vitória.
No discurso quando Lula disse, aos prantos, que o primeiro diploma que ele recebia na vida era de “prisidente da república” faz jorrar as lágrimas do menino que sonhou com esse dia, que também veio da roça, que também sofreu os perrengues de quem vai pra luta na cidade grande, sem lenço e sem documentos.
A vitória do Lula é a vitória de um povo que luta e vence num país em que tantos querem tudo pela lei do menor esforço.
A vitória do Lula é a vitória de todo Zé da Silva que honra e dignifica as pessoas de bem, que acreditam que trabalho e educação podem construir um país melhor. Que o suor dos trabalhadores brasileiros não tem preço, que a dignidade de um homem não se compra, e que o caráter de uma pessoa é forjado pelas marteladas que ela vai tomando vida afora.
Naquele dia da posse do Lula, o rapaz pode ver que era o primeiro dia do novo país, na nomeação do ministério em lugar de banqueiros, usineiros, latifundiários como via sempre, agora haviam trabalhadores, professores, ecologistas, ambientalistas, sindicalistas, negros, brancos, homens e mulheres comprometidos com o que tínhamos de mais autêntico na sociedade brasileira.
É claro que muita coisa não deu certo, foram muitos erros, alguns graves. Mas era impossível quebrar paradigmas tão antigos quanto a nossa república, mudar hábitos de 500 anos de domínio de pessoas que não queriam largar o osso. Muitos adversários tornaram-se aliados, muitas práticas de barganha foram mantidas, muitos equívocos poderiam ter sido evitados.
O fato é que tivemos um governo aquém do sonho, mas muito além do que era possível, com o avanço em conquistas sociais e a manutenção do que vinha dando certo no governo anterior.
Lula fez um governo inteligente, sem causar a revolução que esperavam os operários e sem contrariar a elite, caminhou a passos largos para a reeleição, superando obstáculos que pareciam intransponíveis, como o escândalo do mensalão.
Em 2006, nova eleição, e mais dois votos em Lula. Mais uma vitória sobre os tucanos, agora sem a odisséia de antes.
2006
Primeiro turno
1º - Luiz Inácio Lula da Silva 39.968.369 votos (41,64%)
2º - Geraldo Alckmin 39.968.369 votos (41,64%)
Segundo turno
1º - Luiz Inácio Lula da Silva (reeleito) 58.295.042 votos (60,83%)
2º - Geraldo Alckmin 37.543.178 votos (39,17%)

Lula perdeu aliados mais radicais e ganhou votos de eleitores mais conservadores. Vai caminhando num governo mais tranquilo que o primeiro, deixando para que a história avalie o seu desempenho. Talvez em 20 ou 30 anos, Lula seja avaliado como o presidente que mudou a história do país, quem vivência um fato histórico é incapaz de reconhecê-lo.
Depois de toda essa narrativa histórica, volto ao título deste texto: “Órfão de candidato”, se não errei nas contas o nosso eleitor votou 7 vezes em Lula para presidente e como a próxima eleição é em 2010, por 21 anos não teve outro candidato. Nessa mesma situação estão cerca de 30 milhões de brasileiros que sempre votaram no Lula.
E agora? Votar em quem?

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Um breve apanhado sobre a história da imprensa


A comunicação sempre se fez presente em todos os estágios de evolução humana. Ainda da Idade da Pedra, data a primeira manifestação de comunicação do homem: a Arte Rupestre - arte em rochas. As pinturas nas paredes das cavernas do período Paleolítico representam esse antigo anseio do ser humano pelo ato de comunicar.

Com o crescente desenvolvimento do "Homo sapiens", o número de informações aumentou sobremaneira e a forma de repasse de tais informações, por conseguinte, se especializou. A fabricação do papel por chineses, no século VI a. C., propiciou o florescer da cultura. Mas somente com a invenção da imprensa por Gutenberg, em 1438, a propagação da informação ganhou um fabuloso impulso.

A partir do século XV, então, os novos acontecimentos políticos, econômicos ou sociais, do Ocidente, passaram a ser registrados em papeis que circulavam nas áreas mais habitadas de cada país. Surgem, pois, as primeiras impressões efêmeras da humanidade: as gazetas, com informações úteis sobre a atualidade; os pasquins, folhetos com notícias sobre desgraças alheias e os libelos, folhas de caráter opinativo. Da combinação destes três tipos de impressos resultaria, no século XVII, um gênero intitulado jornalismo.

A origem do jornal se deu em solos ingleses, franceses, alemães e, mais tardiamente, em terreno norte-americano. Naturalmente, o crescimento do impresso periódico ocorreu de forma distinta, em cada nação. Contudo, o jornalismo em geral sofria rígidos controles do governo, o qual impunha leis severas para o seu funcionamento. Era a censura que começava a travar o pleno progresso dos impressos.

À medida que o jornal instigava seus leitores a pensar, a estimular seu senso crítico e a debater sobre a política vigente, a imprensa era vista por autoridades do Estado como prejudicial ao seu governo.

Surgiu, pois, na Inglaterra, a lei que impunha que todo jornal deveria pagar um selo para ter a permissão de circulação, o que por seu turno, fez aumentar o preço do exemplar e diminuir a sua venda. A imprensa da França viveu sob a autorização prévia, ou seja, todo o conteúdo do jornal era, assim, supervisionado por uma organização corporativa antes de ser publicado. Estados Unidos e Alemanha também padeceram com severos controles do Estado o que lhes condenou, assim como nos outros países, a ter uma vida medíocre com a publicação de assuntos de pouca relevância.

Tal cenário, no entanto, se transformou após a Revolução Francesa. Pois foi a partir dela que o jornal de todo o mundo pode demonstrar a sua real função social. Os inúmeros fatos advindos com a Revolução propiciaram uma enorme curiosidade por parte das pessoas, o que ocasionou um considerável aumento do público leitor. Este era, então, o impulso que a imprensa necessitava para a sua própria promoção, ainda que os olhares repressores não deixassem de se recair sobre os escritos impressos.

Outro fator significativo para a evolução do jornalismo foi a industrialização. A crescente mecanização tornou o processo de impressão mais rápido, mais barato e dinâmico. Logo, o público leitor aumentou consideravelmente. O século XIX é um marco divisório para toda a imprensa mundial, pois datam desse período as primeiras grandes inovações do jornal.

Nos Estados Unidos, o progresso da imprensa possibilitou a popularização do jornal sensacionalista, o qual expunha em primeira página imagens e notícias de caráter extremamente violentos. Nessa ocasião, os jornais norte-americanos já eram bastante ilustrados e surgem, então, as histórias em quadrinhos - seção humorística do impresso que fez grande sucesso na época.

O pleno desenvolvimento da imprensa ianque, entretanto, era impedido pela enorme extensão territorial do país. Uma saída para tal dificuldade foi a criação de cadeias - agências que estendiam informações locais a nível nacional. As cadeias ianques lograram enormes sucessos com o controle de centenas de jornais, todavia a crise de 1929 abalou a economia nacional e vetou tal êxito. Surgiu, pois, um novo formato de jornal na tentativa de diminuir gastos - o tablóide, com metade do tamanho normal de uma folha e com menos número de páginas.

A Inglaterra, por sua vez, inovou produzindo jornais com uma maior variedade de assuntos; atendendo, assim, a um maior público. O jornal inglês passava a conter espaço para os acontecimentos do dia, notícias sobre esportes, informações de interesse feminino, manchetes na capa e um modelo de página melhor definido.

A França pós-industrialização passou a ter jornais de várias tendências, estilos e orientações. No âmbito da política, germinavam jornais de esquerda, de centro e de direita. Mas também faziam-se presentes jornais religiosos e monarquistas. Já a Alemanha não operou mutações muito relevantes. Apenas as suas folhas ganharam uma paginação mais arejada, com um conteúdo mais rico e variado.

É bem verdade que desde a gênese do jornalismo, a censura sempre existiu, mas foi durante a I Guerra Mundial, que os jornais passaram a viver sobre um regime de censura ferrenha. Os impressos que não obedecessem às regras dos censores eram apreendidos e, inclusive, suspensos. As informações sobre a guerra eram obtidas por intermédio de oficiais militares que controlavam o que devia ser repassado ou não. Apenas no terceiro ano da guerra, os jornalistas foram autorizados para ir à frente da batalha, podendo colher, assim, informações in loco.

Na II Grande Guerra, os jornais já disputavam a atenção do público com o rádio e a televisão. Fato este que conferiu uma adaptação do jornal escrito à nova situação vigente. De agora em diante, as campanhas publicitárias, tímidas no século passado, começariam a ocupar maior lugar de destaque nos impressos, a fim de manter o equilíbrio econômico do periódico. A imprensa passava, desde então, a assumir, cada vez mais, uma postura empresarial como única forma de permanecer existindo.



Cronologia da imprensa escrita mundial

59 a.C. - Surge e, Roma o primeiro noticiário o Acta Diurna.

1438 - 1440 - O alemão Johann Gutenberg inventa a tipografia. Sua prensa usa tipos móveis de metal em relevo que retêm a tinta, tornando possível a reprodução de um texto com base na impressão dos mesmos caracteres.

1632 - Lançamento do jornal francês Gazzete de France, considerado o primeiro semanário impresso no mundo.

1645 - A Academia Real de Letras da Suécia promove o lançamento do sueco Post Och Inrikes Tidningar, o mais antigo jornal em circulação no mundo.

1663 - 1665 - Impressão das primeiras revistas do mundo: a alemã Erbauliche Monaths Unterredungem, a francesa Journal des Sçavans e a inglesa Philosopical Transation.

1702 - Começa a circular o primeiro jornal diário do mundo, o inglês Daily Courant.

1731 - Lançamento da The Gentleman's, a primeira revista de entreteminento do mundo.

1758 - Lançamento do jornal espanhol Diário Noticioso.

1783 - Lançamento dos jornais diário norteamericanos Pennsylvania Evening Post e New York Daily Advertiser.

1788 - Fundação do jornal inglês The Times, o mais famoso do século XIX.

1789 - 1799 - No período da Revolução Francesa são lançados na Europa 1,5 mil títulos, que representam o dobro dos 150 anos anteriores.

1814 - O alemão Friedrich Koenig (1774 - 1833) cria a impressora a vapor, capaz de imprimir até 1,1 mil exemplares por hora. O jornal londrino The Times foi o primeiro a ser impresso com a nova técnica.

1818 - O francês Pierre Lorilleux (1788 - 1865) inventa a tinta para impressões, que garantiu qualidade gráfica e rapidez para as publicações.

1835 - É fundada na França a primeira agência de notícias do mundo: a Agência Havas, criada por Charles-Auguste Havas. Ela transmite via pombo-correio informações financeiras da bolsa de Valores de Londres

1836 - O jornal francês La Presse é o primeiro a publicar anúncios pagos.

1842 - A revista inglesa The Illustrated London News é a primeira revista a usar ilustrações.

1845 - O francês Jacob Worms (1800 - 1889) inventa a primeira máquina rotativa, pela qual a impressora é alimentada com rolos contínuos de papel (bobinas). No ano seguinte, o norte-americano Robert Roe aprimora o invento e aumenta a velocidade de impressão para 5 mil páginas por hora.

1851 - Lançamento do jornal The New York Times, nos Estados Unidos.

1854 - Lançamento do jornal francês Le Figaro.

1861 - O norte-americano Matthew Brady faz o primeiro trabalho de fotojornalismo na Guerra Civil Americana.

1877 - Lançamento do jornal The Washington Post, nos EUA.

1880 - A primeira fotografia publicada pela impensa surge no jornal Daily Herald, nos Estados Unidos.

1884 - O alemão Ottmar Mergenthaler (1854 - 1899) inventa a linotipo, uma máquina para composição e fundição de caracteres que torna obsoletos os tipos móveis alinhados manualmente. O alinhamento mecânico permite a impressão numa velocidade seis vezes maior. Final do século XIX - A imprensa escrita sofre permanentes mudanças tecnológicas, principalmente na parte gráfica. A impressão em cores e a rotogravura (processo destinado à tiragem em prensa rotativa, que possibilita a gravação direta do cilindro de cobre) proporcionam mais qualidade às publicações.

1903 - Fundação do jornal inglês Daily Mirror.

1906 - O alemão Casper Herman constrói a primeira máquina offset, método de impressão que transfere caracteres ou imagens para o papel por meio de um cilindro de borracha.

1912 - O russo Lênin funda o jornal Pravda. A publicação circula até 1992 e chega a alcançar uma tiragem de 10 milhões de exemplares.

1923 - Lançamento da revista semanal norte-americana Time. A cobertura sistemática dos acontecimentos internacionais influencia revista do mundo inteiro.

1932 - O francês Henri Cartier-Bresson inicia carreira fotográfica, tornando-se o mais influente fotojornalista de sua época.

1936 - Começa a circular a revista ilustrada de informação norte-americana Life.

1944 - Fundação dos jornais franceses Le Monde e Libération.

1947 - Lançamento da revista semanal alemã Der Spiegel. Década de 50 - A fotocomposição é introduzida na maioria dos jornais e revistas. Os textos e as fotos são produzidos em papel cuchê, montados a mão (past-up) e fotografados (fotolito).

1953 - Fundação do semanário francês L'Express, que leva ao grande público assuntos políticos, financeiros e econômicos.

1968 - O tablóide britânico Daily Mirror torna-se o jornal de maior circulação no Ocidente.

1972 - 1974 - Bob Woodward e Carl Bernstein publicam o escândalo Watergate no Washington Post.

Década de 80 - Com a informatização das empresas jornalísticas, todas as etapas da produção se tornam, digitalizadas. Os textos são elaborados em computador e a editoração eletrônica substitui a fotocomposição. Nesse novo processo, as páginas também são diagramadas no computador e o fotolito é gerado do arquivo eletrônico.

1988 - A Agência de notícias France-Warner, maior conglomerado de mídia do mundo.

1989 - Formação da Time-Warner, maior conglomerado de mídia do mundo. Década de 90 - O sistema filmless (sem filme) possibilita a gravação diretamente no cilindro de impressão por meio de impulsos eletrônicos transmitidos pelo computador, eliminando a utilização do fotolito. O filmless permite também a impressão de uma publicação em diferentes localidades simultaneamente.

1992 - Primeira edição do The New York Times in Review.

1997 - O Museu da Notícia é inaugurado em Washington (EUA). É o primeiro no mundo dedicado exclusivamente à notícia.

1997 - A morte da princesa Diana num acidente de carro em Paris, enquanto fugia de fotógrafos (conhecidos como paparazzi), acirra a discussão a respeito da ética dos meios de comunicação e do direito à privacidade .


quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Que futuro há para os jornais impressos?


Por Nilson Lage em 22/2/2005
Jornais e magazines experimentam, há décadas, crises mal definidas, mal compreendidas e diante das quais o peso da tradição, o conservadorismo, a pressão das hipóteses tomadas como verdade (a teoria da cultura de massa, principalmente), a arrogância e o imediatismo dos homens de marketing e a crença dogmática no próprio discurso têm impedido respostas mais lúcidas.
A media [a palavra latina é plural; aqui, designa o conjunto dos meios de comunicação; da pronúncia inglês vem a grafia "mídia"] costuma ser concebida como entidade única – abordagem retórica, que não corresponde a qualquer realidade objetiva. Os veículos dirigem-se a frações diferenciadas da população [quando não, em horários ou segmentos diferentes] e operam com linguagens distintas; sociedades complexas não podem, em tempos normais, ser reduzidas à uniformidade da argila, que o oleiro molda com as mãos. [O conceito de "massa" data do Império Romano e é o pressuposto teórico de um modelo de dominação. Seu uso no século 20 decorre das teorias veiculadas, primeiro, por Scipio Sighele, e, logo depois, por Gustave Le Bom, na década de 1990. O comportamento "de massa" ocorre em situações específicas, como as de pânico.]
As linhas editoriais (temática e abordagem) são definidas por um mixing de viabilidade operacional, de presunção quanto ao que o seu público quer ou precisa saber, e de interesses definidos pelo Estado, por grupos de pressão, financiadores, anunciantes e a elite cultural.
Não existe, portanto, a entidade media. O que existe é um gênero de produto – a informação – cada vez mais importante no mundo contemporâneo, e um conjunto de tecnologias, a que correspondem linguagens distintas.

Painel de Leitores

Mário Magalhães
em 20/11/2007
"Um painel de leitores", copyright Folha de S. Paulo, São Paulo (SP), 18/11/07
"De cada 100 cm de texto do `Painel do Leitor´ no trimestre agosto-outubro, 25 cm foram subtraídos para autoridades, personalidades e assessores contestarem notícias e opiniões. Foi disso que eu tratei na semana passada, indagando: ´Caro leitor: esse Painel é mesmo seu?´. A Secretaria de Redação da Folha respondeu que não mudará a seção de cartas. Seguem mensagens de "leitores comuns` que me escreveram sobre o ´PL´.
´O ´Painel do Leitor` continua sendo do leitor, apesar de reduzido. É que eu primeiro leio o título e quem escreveu. Se for assessor disso ou daquilo, se for de órgão público ou de político, simplesmente não leio. Eu perco com isso, mas o jornal também perde. Pode chegar o dia que eu não tenha mais interesse em assinar ou acessar o jornal.`
JOSÉ IVO GRETTER (Joinville, SC)
´Gostaria de fazer uma sugestão. Todas as cartas que não fossem de leitores ´anônimos` passariam a ser publicadas na edição on-line. O ´PL´, se já é uma coluna muito lida, seria mais ainda. E as cartas editadas na edição on-line teriam leitores garantidos como o autor da carta, seus assessores etc. Talvez passasse a ser a parte menos lida da Folha, e o ´PL` sairia ainda mais vitorioso em termos de ´audiência´, ou melhor, de leitura.`
WILSON GONSALEZ (Garça, SP)
´Existem dois tipos de leitores: o leitor e o ´leitor´. Considero leitores pessoas como eu, que compram o jornal diariamente, lêem ou passam a vista em todas as seções, que sentem afinidade com o jornal [...]. Considero ´leitores` aqueles que só sabem da publicação através dos recortes de assuntos que lhes dizem respeito, que lhes são passados pelos seus assessores.`
´[...] Quando não concordarem com o que foi escrito, as autoridades devem ter um outro espaço para resposta, inclusive, em alguns casos, ´no mesmo local e com o mesmo destaque´. Caso a Secretaria de Redação insista no nome, pode criar um novo espaço: Painel do ´leitor´, ou melhor, Painel do ´leitor 1´, já que o 2 certamente seria reservado a pessoas como eu.`
HELIO DE AZEVEDO (Rio de Janeiro, RJ)
´A resposta à pergunta do ombudsman deverá ser, sob o meu ponto de vista, não. E não é mesmo. [...] A resposta da Redação foi desrespeitosa face ao ombudsman e aos leitores da Folha, por não ter sequer aventado a possibilidade de conceder aos grandes e ilustres personagens de nosso país um outro ´Painel do Leitor´: o ´Painel dos Leitores Famosos´.`
MARLY DENISE BIONDI (Campinas, SP)
´A afirmação [da Redação] ´A Folha não quer dividir os leitores em duas categorias, as autoridades e o leitor comum` peca por fugir à realidade; pode até não querer, mas a verdade é que divide. Quanto à (pseudo) solução de usar a Folha Online, é equivalente a eu ir à loja Garbo do meu bairro para comprar camisa, e o vendedor me encaminhar para a loja Colombo de outro bairro para comprar o mesmo tipo de camisa.`
JOSÉ MARIA PACHECO DE SOUZA (São Paulo, SP)
´Que tal dividir ao meio a pág. A3, haja vista que muitos leitores, muitas vezes, têm opiniões mais valiosas do que alguns famosos da seção ´Tendências/Debates´? Assim, os Vips, de maneira idêntica aos leitores, aprenderiam a exercitar a concisão.` ÂNGELA LUIZA S. BONACCI (São Paulo, SP)
´Sugiro que seja criada uma outra seção, intitulada ´Direito de Resposta´, em que quem for ofendido ou quiser desmentir alguma notícia, e não apenas comentá-la, poderá escrever. Assim, o sr. Adilson Laranjeira e outros aspones não tomarão o espaço da plebe com suas caudalosas e freqüentes cartas.`
CARLOS BRISOLA MARCONDES (Florianópolis, SC)
´Existem privilégios e até proteção a determinadas pessoas. Exemplos: o sr. Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf, é um que não tem material recusado. É só aparecer qualquer notícia desabonadora sobre Maluf (que não são poucas), lá vem ele com a resposta e a publicação garantida pela Folha. O sr. Sarney é um que é protegido -já escrevi diversas vezes sobre esse senhor e nunca tive o prazer de ver [a carta] publicada.`
JOÃO CARLOS GONZALEZ (São Paulo, SP)
´Sendo um dos podados recentes do ´PL´, concordo plenamente com a criação da seção de direito de resposta. A alegada falta de espaço é difícil de aceitar, depois de ver pelo menos oito páginas inteiras de propaganda da própria Folha na tal edição recorde (de páginas de publicidade) do sábado retrasado.`
MARCOS LEITE DE SOUZA (Carapicuíba, SP)
´Minha sugestão é que a Folha assuma que trata de forma diferenciada as cartas de leitores considerados ilustres e as cartas dos leitores comuns. Para isso, recomendo a utilização do título do clássico da literatura/sociologia brasileira ´Casa-Grande & Senzala´, de Gilberto Freyre.`
´A apresentação das cartas dos leitores poderia ser dividida da seguinte forma: carta de presidentes de empresas, políticos, atores e outras ´personalidades` ficariam na seção ´casa-grande´; cartas de servidores públicos, donas-de-casa, comerciantes e outras ´nulidades` iriam para a seção ´senzala´. Já que a sociedade brasileira também é dividida assim, por que não assumir isso?`
TEREZA DA SILVA (Nova Friburgo, RJ)
´O que me salta aos olhos é a capacidade da Redação de fugir à resposta. Essa prática de responder o que não foi perguntado como forma de fugir de uma pergunta que não tem resposta é a técnica mais usada por políticos e canastrões no Brasil.`
ANDRÉ LOPES (Chicago, EUA)
´Não é de hoje que o espaço do ´PL` é usado para outras finalidades. Governistas e oposicionistas, corruptos declarados, Vips e dirigentes do terceiro setor têm espaço garantido, para muitas vezes justificarem seus deslizes. Em relação ao espaço que eles deveriam ocupar, seria um específico junto às matérias, tipo direito de resposta ou na coluna ´Outro lado´. E, para os corruptos declarados, a lata de lixo.`
JOSÉ SINÉSIO DE MORAIS (São Paulo, SP)
´Uma situação curiosa parece sempre estar em meio a essa pendenga: o ´PL` não representa a Folha, mas é ele que expressa os que lêem o jornal, por isso é tão disputado.
Quem aparece na coluna fica em evidência. Mesmo os ´afamados` [...] querem manter esse precioso destaque, nem que para isso tenham que excluir os leitores ´comuns´, legítimos donos desse pedaço disputadíssimo.`
´Ficar em evidência, sob a mira dos leitores, é a questão máxima para muitos. Se o ´PL` editasse fotos, minha nossa, a situação estaria ainda mais descontrolada.`
DORALICE ARAÚJO (Curitiba, PR)
´Esse comportamento não é privilégio ou exclusividade da Folha. Revistas e jornais, regra geral, utilizam essas seções mais para se autopromoverem. Quando os leitores comuns e pobres mortais lhes apontam tropeços graves, raramente ou nunca publicam [as mensagens].`
STILIANOS VICÓPULOS (Belo Horizonte, MG)"